Parto Humanizado Hospitalar

Miriane Borges

Meu nome é Miriane, sou filha de professora, neta de costureira e de lavadeira, bisneta de “curiosa” e tataraneta de uma infinidade de brasileiras. “Curiosa” era como minha avó denomina até hoje a experiência de sua mãe, que mesmo sem formação acadêmica, desempenhou cuidados em saúde e assistência a partos observando outras parteiras e curiosas, no Sul de Minas Gerais.

Acredito que curiosidade seja uma característica inerente às parteiras, doulas, médicos e demais profissionais que optem seguir na vanguarda da assistência humanizada às mulheres. Ser curioso nos motiva a compreender e respeitar a individualidade de cada corpo, além de estudar e acumular conhecimento baseado em evidências.

Sobre minha trajetória profissional, sou graduada em medicina pela Faculdade de Medicina de Marília; em seguida tive a experiência de trabalhar um ano na atenção básica como médica do Programa Mais Médicos em 2017, onde me encontrei no cuidado em saúde de mulheres. Mudei-me para São Paulo para iniciar a residência médica de Ginecologia e Obstetrícia pelo Hospital Pérola Byington, serviço em que sou muito grata pelo papel que desempenha à sociedade, referência em tratamento oncológico e cuidado às vítimas de violência sexual.

Durante minha vivência cheguei a cogitar não exercer a área por considerar algumas práticas invasivas, desrespeitosas, enfim modelos tradicionais, preconceituosos e hierárquicos da medicina. Foi aí que amigos e parceiros, muito especiais, me apresentaram outras formas de exercer no que acredito: aliando integralidade do cuidado e empatia de cuidar de mulheres como eu gostaria que cuidassem de mim, de minha mãe, avós, tias e amigas.

Acabei conhecendo o Coletivo Nascer em 2019, participei do Siaparto, de rodas de pré natal coletivo no Quintal do Parque (quando ainda podíamos aglomerar) , fiz estágio de obstetrícia de alto risco no IMIP, inserido no sistema de saúde pública de Recife-PE e compreendi finalmente que é possível sim exercer um cuidado de qualidade e respeito à autonomia da mulher, tanto no sistema de saúde suplementar como público.

E aqui estou, neta de muitas brasileiras, disposta a seguir com o Coletivo, seguir com a vanguarda, avançar sempre, curiosa sempre, em defesa de uma assistência humanizada a nível individual e universal.

Prazer, Miriane.

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