Luisa Jacques
acho incrível sentir ainda os olhos marejados e o coração palpitando a cada nova vida que assisto vir ao mundo
Sou mineira, me formei em Medicina pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e fiz residência em Ginecologia e Obstetrícia no Hospital Municipal de Belo Horizonte, Odilon Behrens.
A paixão e a escolha pela Obstetrícia vieram logo no primeiro parto que acompanhei, conduzido por uma enfermeira obstetra, ainda na graduação. O coração palpitou e os olhos transbordaram numa emoção diferente de tudo o que eu já havia sentido. Mas a realidade mostrou-se mais dura do que esse primeiro contato. Desde o início da formação, me causou espanto e sofrimento o excesso de intervenções, muitas vezes desnecessárias; a patologização e medicalização excessivas de um processo natural e fisiológico; o modelo centrado no médico, sem nenhuma autonomia da mulher sobre o seu próprio corpo e sobre a tomada de decisões ao longo de todo o processo.
Entendo, portanto, que a minha opção pelo modelo do parto natural se deu junto da minha escolha pela própria Obstetrícia – nunca achei possível outro caminho. E acho incrível sentir ainda os olhos marejados e o coração palpitando a cada nova vida que assisto vir ao mundo, faz valer toda a dificuldade que é lutar por esse modelo de nascimento.
Fazer parte do Coletivo Nascer é poder continuar dando corpo a esse sonho – meu, como obstetra, e das várias mulheres a quem esse projeto dará a oportunidade de um acompanhamento cuidadoso, com respeito às suas individualidades, à sua autonomia, ao seu corpo e à fisiologia, desde a gestação até o puerpério.
Sejam bem-vindas!