Atualmente dispomos de algumas técnicas para aliviar a dor no trabalho de parto, geralmente são utilizadas combinações dessas até o ponto em que ao trabalho de parto seja tolerado pela mulher. Existem métodos farmacológicos e não farmacológicos e cada um deles é realizado pelo profissional mais capacitado para isso. Há técnicas não farmacológicas de analgesia como massagens com óleos, banhos quentes, técnicas de respiração, acupuntura. Quando tudo isso é feito e ainda assim, a gestante em trabalho de parto não sente alívio da dor a um ponto que ela considere tolerável para prosseguir ou mesmo em momentos em que a exaustão física é considerável a Analgesia pode ser uma ferramenta importante para a mulher em trabalho de parto.
As técnicas utilizadas para analgesia de parto mais comuns no Brasil são a raquidiana, analgesia peridural ou duplo bloqueio, elas são realizadas exclusivamente por um médico anestesiologista. Esses procedimentos são feitos unicamente em ambiente hospitalar e é necessário monitorização materna e fetal depois do procedimento, o que garante a segurança para ambos. A seguir a descrição de cada uma delas:
- A Raquianestesia (conhecida como Raqui): é realizada através de punção lombar, com uma agulha extremamente fina, localizando o espaço raquidiano lombar; nele é injetado pequenas doses de anestésicos locais, geralmente em uma única dose. Essa é a mesma anestesia que se utiliza para a cesárea, porém em doses muito inferiores, não causando praticamente bloqueio motor e quando ocorre é passageiro. Traz um alívio da dor imediato e de forte intensidade.
- Analgesia Peridural: é realizada através da localização do espaço peridural, também na região lombar, instala-se um cateter no espaço peridural (acesso temporário) o que permite que novas doses de anestésicos em concentrações ainda mais baixas sejam administradas sempre que solicitados pela mulher em trabalho de parto. O alívio da dor é de menor intensidade e rapidez que no caso da raqui.
- Duplo bloqueio: este nada mais é que a combinação das duas técnicas anteriores, permitindo um maior controle da dor ( que tanto de dor a mulher deseja sentir) por um período de tempo mais prolongado, além da redução das chances de limitações motoras causadas por anestésicos em dose única, ajudando a preservar a mobilidade para realização de exercícios e sensações próprias do parto.
Quem solicita? A mulher! A analgesia de parto deve ser encarada como um recurso a mais que se dispõe para auxiliar a mulher na fase ativa do Trabalho de Parto, quando as contrações são mais intensas e duradouras. Quando a mulher sente que a dor das contrações são intoleráveis e desde que o bebê esteja bem. O controle da dor no trabalho de parto é também autonomia sobre seu corpo e até quanto sentir. Além do alívio da dor a analgesia de parto é solicitada em trabalhos de parto muito prolongados onde já há um esgotamento físico da mulher, dando-lhe a oportunidade de descansar algumas horas, e também quando são necessárias manobras com o bebê ou colo uterino.
É importante ressaltar que as técnicas de analgesia de parto são sempre individualizadas e que cada paciente requer uma combinação de métodos para seu melhor alívio. O uso da analgesia de parto é um recurso da medicina à disposição da mulher em trabalho de parto para auxiliá-la e a decisão pela analgesia não é demérito na sua decisão de parto natural, mas sim um recurso como todos os outros.
Este texto foi escrito em parceria com o Coletivo de Anestesia Obstétrica.