Parto Humanizado Hospitalar
Relato da Melany Kern

Relato da Melany Kern

Sexta feira dia 11 de dezembro, último dia de trabalho antes das férias. Festinha pelo zoom com os alunos da escola em que eu trabalho. Foi uma festa on-line animada com Dj e tudo. Dancei muito, pedi música, fiz graça para os alunos nas câmeras e dancei, dancei e dancei. As outras professoras começaram a falar para eu sentar, sair descansar….e realmente eu já estava ficando cansada, mas aí vinha mais uma música legal e eu ficava mais um pouco!

Sábado dia 12 de dezembro 5:30 da manhã
Levantei para fazer xixi e vi que minha calcinha estava beeem molhada….pensei: ui acho que a bolsa estourou ! Me deu um frio na barriga mas fiquei tranquila pq sabia que isso não significava trabalho de parto…e não tinha tanta água assim.
Voltei para a cama e meu marido perguntou se tava tudo bem, se eu tinha feito cocô rsrsrs (ele sempre perguntava pq era um sinal)…
Falei que tinha feito sim e falei, já deitada na cama tranquilamente:
Acho que a bolsa estourou….saiu um líquido! O Jr já queria ligar para a doula, para a parteira … e eu fingindo costume para não causar alvoroço rsrsrs
Senti uma pontada e achei que era mais cocô, levantei e escorreu mais líquido. Tirei uma foto e mandei p a Cibele, que confirmou ser líquido da bolsa.

Ela falou para eu arrumar minhas coisas e ir p o hospital já que eu estava de 36 semanas, perguntei se eu poderia tomar banho…ela falou que poderia rapidinho.
Falei p o Ju que ela falou que eu poderia tomar banho e que poderíamos arrumar nossa mala e ir com calma p o hospital.
Eu imaginava que o dia seria longo ou então que eu voltaria ainda p casa hahahahaha

Saímos de casa umas 6:30 e eu comecei a ter mais dores….
Fui no banco de trás tentando avisar as doulas mas eu já não estava muito racional…mas consegui manter a calma mesmo com as contrações e ainda pedia p o Ju ir com calma e devagar ….ele estava nervoso rsrsrs.

Chegamos no Sepaco 7:00 da manhã….uma das doulas me perguntou se estava tudo bem se eu precisava de algo, só consegui escrever “Sepaco” hahahahaha.
O Jr foi fazer a entrada no hospital, preencher ficha e eu comecei a andar pelo saguão feito uma leoa na jaula…entreguei meu celular p ele e falei, que iria para a triagem.
Perguntei onde era e fui. Já com a visão meio embaçada meio sei lá. Fui, fiz a triagem e sentei em um banco no corredor, lá uma moça me olhou e perguntou se eu era a Melany. Falei que sim e logo disse que eu era do Coletivo. Ela falou que era a Olívia e que iria me acompanhar.
Nesse momento ela me estendeu a mão e tudo ficou mais calmo e confiante…tudo mudou a partir daí . Foi mágico!

Caminhamos para uma salinha e lá fiz o cardiotoco e o exame de toque.
Ela me falou que eu estava com quase 8 de dilatação e que iríamos para a sala de parto. Eu falei que antes precisava fazer cocô (hahah mesmo estudando tanto e sabendo que isso é um sinal de que o bebê está vindo, você realmente acredita que quer isso!). Ela falou que não era cocô que era o neném que estava vindo.

Meu marido apareceu na salinha e ela contou tudo para ele e o encaminhou para trocar de roupa e em seguida me levaram de maca para a sala de parto. Lembro de entrar no elevador e pensar o quanto era grande aquele elevador para caber uma maca e me senti uma criança andando em um carrinho !
Chegamos na sala de parto, e na porta estavam Isa e Fernanda Gomes (doula e Parteira que eu tinha visto e conversado um dia antes no Quintal) a magia aconteceu novamente só me restou fazer um sinal de “paz e amor” para elas com os dedos e sorrir muito grata.

Sai da maca e me sugeriram a banqueta, eu já estava sentindo os puxos! Meu marido estava apoiando minhas costas para eu não cair, e seu apoio era estar na segurança do meu lar.
Os gritos começaram a vir, a mulher selvagem sem amarras como uma égua sem rédeas começou a pulsar. E era isso que eu sempre quis: vivenciar o que há de mais selvagem em mim….e me entreguei.
A banqueta não me servia…sai andando e subi na cama e me apoiei na cabeceira inclinada, de costas para o “Coletivo”.

Os gritos foram ficando cada vez mais altos e agudos, uma nota que nunca poderia repetir novamente , mas essa voz que era uma flecha certeira é que me impulsionava.
O puxo é algo que eu gostaria de explicar, não consigo…parece uma força involuntária onde todos os seus músculos trabalham juntos e você com sua intenção aproveita o embalo e empurra junto.
E veio o medo! Pedia analgesia. Olívia me falou que estava quase nascendo, que eu conseguiria.
E Veio a Dor! Falei : Tira, Tira ele….
Meu marido me lembrou que, eu é que faria isso, e que eu estava indo bem.
E no próximo grito, no próximo puxo, juro que vi um círculo/portal de cor preta e…
Uma perna esticou como um coice de égua selvagem e….
O Leon nasceu de uma vez !

8:07 da manhã
Me apareceu com os bracinhos abertos pedindo colo/abraço e o cordão pendurado nos ombros…
Peguei a cria, abracei, coloquei no peito, e nós três estávamos ali, surpresos, nascidos e cheios de amor.
A placenta logo veio. Ela era grande, lembro da Isa me mostrando e falando o quanto ela era linda. Fiquei orgulhosa da nossa placenta .
Depois veio a injeção na perna…
Veio um frio de bater o queixo…
Meu Leon foi com meu marido e a Pediatra.
Agora eu era uma enxurrada de sangue. A Égua selvagem sem freios não conseguiu parar e muito sangue saiu de mim.

Pude ver alí todas as mulheres trabalhando por mim, pela minha vida, elas eram todas as mulheres do mundo, da minha ancestralidade.
Cada um com seu dom de cura.

A Isa veio com sua presença e aroma para me tranquilizar. Olívia veio com sua ciência para me trazer consciente e poder ajudar no procedimento, a Lidiane com sua leveza e amor nos tratos do corpo… e assim aos poucos(na minha percepção), o sangue parou.

Pude sentir meu corpo novamente. E todas elas estavam ali, como Deusas e Mestras do nascer.
Meu filho voltou aos meus braços!

Os detalhes é meu marido que conta, outras coisas aconteceram na visão dele.
Nosso filho nasceu com 36 semanas de muita saúde e força, teve alta antes de mim que precisei receber duas bolsas de sangue antes de sair do hospital para essa nova jornada.

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