Sabemos que a dor é subjetiva e que cada corpo experiencia e vivencia a dor de forma diferente, mas precisamos refletir sobre a forte associação que existe entre a dor do parto e o sofrimento.
Mulheres que sofreram violência obstétrica, que foram deixadas sozinhas durante todo o trabalho de parto, que foram impedidas de andar e comer, tiveram sua barriga empurrada e ouviram frases que a humilhavam e desencorajavam…. Como essas mulheres não vão associar a dor do parto ao sofrimento e a uma experiência negativa?
O natural no parto é sentir dor, mas não é sofrer. Ou, como diz a colunista Ana Mary C. Cavalcanti, do jornal O Povo: “A violência obstétrica é uma fronteira entre a dor natural do parto e o sofrimento”.
O momento do parto não deve ser de apreensão, tensão ou medo. O respeito às escolhas e à autonomia da mulher sobre o seu corpo, assim como o acesso a métodos não farmacológicos e farmacológicos para o alívio da dor, ajudam a construir um ambiente de segurança, tranquilidade e acolhimento. Contribui-se, assim, para distanciar a dor do parto da sensação de sofrimento e desamparo.
Foto: @mayaranevesfoto