Parto Humanizado Hospitalar
Relato da Gislaine Calheiros

Relato da Gislaine Calheiros

Sophia nasceu, em um parto intenso, rápido e que me ajudou a ressignificar minha primeira experiência gestacional.

Voltando um pouco no tempo, quando meu primeiro filho nasceu, eu não busquei informação o suficiente, e embora tenha conseguido o tão sonhado parto normal (apesar de ter sido acompanhada por um médico cesarista), não foi bem como eu imaginava, tive uma série de intervenções, desde manobras até episiotomia, o que só descobri tempos depois que essas intervenções eram então consideradas violências obstétricas.

Passado esse episódio, e descoberta uma segunda gestação, comecei a me informar sobre parto humanizado, inclusive com ajuda deste grupo que me muniu de informações de qualidade. Fiz um curso de doula que me capacitou ainda mais e por fim estava sendo acompanhada por um coletivo maravilhoso que sempre me passou muita confiança e a certeza de que desta vez conseguiria realizar o sonho de um parto natural e respeitoso!

No começo da minha gestação, ouvi falar da casa Ângela e me encantei pela proposta do lugar e todo acolhimento, ter minha filha lá passou a ser considerado meu plano A e na época eu simplesmente não tinha pensado em um plano B, fato é que meu exame de curva glicêmica deu uma alteração e eu não pude continuar meu acompanhamento junto à casa… fiquei decepcionada, com medo de sofrer as mesmas violências da primeira gestação, mas uma das enfermeiras da casa me indicou um coletivo que se mostrou ser a saída que eu tanto precisava naquele momento, comecei meu acompanhamento lá por volta de 30 semanas.

A gestação transcorria tranquilamente, embora dessa vez eu tenha ficado muito mais cansada, indisposta e as crises de azia fossem mais constantes.

Enfim chegou o grande dia, trabalhei normalmente na sexta e na madrugada de sexta para sábado acordei exatamente as 01h11 com uma dor que parecia apenas uma dor de barriga corriqueira, fui para o banheiro e lá fiquei por um tempo, as dores começaram aos poucos, mas já davam sinais de que vinham para ficar, por volta das 2h acordei meu esposo, comecei a cronometrar a dor que já conseguia identificar como contrações e entrei no chuveiro para ver se passavam ou amenizavam, nada feito, entrei em contato com o coletivo que me acompanhava e após alguns envios de cronometragem das contrações eles me deram carta branca para ir a maternidade.

As contrações vinham em um intervalo pequeno e cada vez mais intensas, de forma que eu só sabia andar de um lado para o outro da casa, quicar na bola de vez em quando e na primeira tentativa de vocalizar acordei meu filho mais velho (2 anos!).

A medida que conversava com o pessoal do coletivo por WhatsApp, tentávamos contato com alguém da família para nos encontrar no hospital e pegar meu filho mais velho, depois de algumas tentativas conseguimos contato com meu cunhado que se prontificou a fazer isso.

Já no carro a caminho do hospital, as dores eram muito intensas, com curtos intervalos, saímos de casa por volta das 3h e o gps informava o tempo de trajeto de 40 minutos 😓 cada vez que vinha uma contração eu me agarrava no banco e gritava de dor, meu filho estava no banco de trás, acordado e me chamando, sem entender nada. Meu esposo foi o mais rápido que conseguiu, mas estava muito nervoso, principalmente quando em uma das contrações minha bolsa estourou, nessa hora estávamos a 15 minutos do hospital e o nascimento da minha filha mais próximo do que esperava.

Por fim, chegamos na maternidade, me ofereceram uma cadeira de rodas que eu recusei, não conseguia ficar sentada, a vontade era sair correndo, uma das pessoas que me atendeu na chegada ao hospital me encaminhou para o elevador e me direcionou a sala de triagem, já nesta sala uma enfermeira me atendeu, colocou o aparelho para aferir minha pressão e saiu da sala para pegar uma cadeira de rodas, assim que ela saiu arranquei o aparelho e comecei a andar na sala, quando vinham as contrações, eu não conseguia ficar sentada e as pessoas que me atenderam inicialmente pareciam não perceber isso, ao voltar para sala a enfermeira me encontrou sem o aparelho e me encaminhou para ser examinada pela médica, como ela estava com a cadeira de rodas pediu que eu sentasse para ela me levar, a princípio eu consegui sentar, mas assim que veio outra contração levantei rapidamente me apoiando em uma cadeira no corredor, por sorte já estávamos na porta do consultório da médica que me examinaria. A médica ao me ver pediu que eu respirasse e fosse deitar na maca, pedi um momento para a contração passar é assim que pude deitei para ser examinado, a médica verificou minha dilatação e constatou dilatação total! Na mesma hora ela disse: Não dá tempo de subir para o centro cirúrgico, vai nascer agora.

Senti que viria outra contração e pedi para ficar de cócoras, a sala era estreita e imprópria para a ocasião, mas como disse a médica não dava mais tempo, a enfermeira se prontificou a pegar um lençol para eu ficar de cócoras no chão, mas quando veio outra contração por impulso fiquei de quatro apoios e após duas forças minha menina nasceu! ❤

Não deu tempo do cunhado chegar para pegar meu filho mais velho, enquanto isso meu esposo e ele me acompanharam em todo esse percurso, inclusive estavam presentes no momento em que a Sophia nasceu.

Chegamos às 3h40 no hospital e as 3h48 ela nasceu.

Este post tem um comentário

  1. Que maravilha o parto da Gislaine Calheiros.

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