Parto Humanizado Hospitalar
Relato de Parto da Fabiane Oliveira

Relato de Parto da Fabiane Oliveira

Esse é o meu primeiro relato de parto, apesar de ser meu segundo parto. Então vou começar falando do primeiro. 

16 horas de tp, sem equipe de apoio, somente eu e meu marido esperando a chegada do Giovanni, parto parou de evoluir e o médico decidiu fazer uma cirurgia, na hora entrei em pânico, como assim? Eu espero mais, nem está doendo tanto assim, mas quando o médico fala e você não tem outro ponto de apoio, o medo fala mais alto e quem sou eu pra questionar o médico? Fui pra cirurgia, apesar de ter sido respeitosa, tranquila, respeitaram a Golden Hour, eu sabia no fundo que eu teria conseguido se tivesse com as pessoas certas. Mas enfim, Deus faz tudo perfeito, eu que queria muito parir, acabei na cirurgia por que tudo tem um propósito, e eu sabia no fundo que um dia ia conseguir. 

9 meses se passaram quando recebemos mais uma vez a dádiva de gerar outra vida, até às 28 semanas fiz o acompanhamento no mesmo médico do parto anterior, mas eu sabia que tinha que procurar as pessoas certas, e fomos nós, marcamos com uma equipe bem renomada, super caro… sem condições financeiras para seguir adiante, até que fomos apresentados ao Coletivo Nascer, marquei uma consulta e foi amor à primeira vista. Tinha certeza que estava no lugar certo com as pessoas certas. Uma rede de apoio incrível e muitos relatos animadores. Em minhas orações a única coisa que eu pedia a Deus era que colocasse as pessoas certas no nosso caminho.

Chegamos nas 39+5 semanas dia 11/09 as 19:30 comecei a sentir as primeiras cólicas, as 20:30 comecei a marcar e estavam espaçadas mas regulares. Esperei o Gerbes chegar do serviço, avisei a doula, que me recomendou um banho demorado e descansar. Lá pelas 3 da manhã acordei ainda com as contrações bem espaçadas. Tentei descansar mais, mas ja estava bem difícil pegar no sono. As 10 horas as contrações já estavam de 4 em 4 minutos, chamamos a doula que estava em uma reunião e enviou a backup, ela chegou eu já gritava de dor, quando olhei pro rosto dela, senti paz, na hora senti que Deus estava colocando as pessoas certas no nosso caminho.

Massagem, água, comida, apoio, palavras de conforto e força, é isso que recebemos de uma doula e é isso que precisamos na hora mais importante, a hora de colocar mais um ser nesse mundo. 

As horas se passaram que eu nem via, mas em algum momento eu já não aguentava mais e queria ir para o hospital, mas o medo de chegar lá cedo demais como da primeira vez me dominava, então chamamos a enfermeira, mas uma vez outra pessoa de paz. Para a nossa surpresa já estava com 7 dedos de dilatação. Avisaram a equipe que já nos esperava na maternidade. Ajeitamos as coisas que ainda faltavam, coloquei o pouco que comi pra fora, e a enfermeira disse que era um bom sinal. 

Nos dirigimos para o hospital e meu medo de sentir ainda mais dor diminuiu quando no caminho fomos ouvindo hinos, me deu paz e em todo o tempo lembro de glorificar e clamar a Deus, e sei que Ele esteve comigo em todo o tempo. Chegamos na maternidade por volta das 15:50 horas, lá minha doula e equipe me aguardavam, fomos para o cardiotoco, às 17:20 subi para o centro cirúrgico, quando entrei na sala me deu um medo, foi ali que tive a primeira cirurgia, não queria estar ali. Pedi pra ir para o chuveiro, e antes de entrar a enfermeira pediu para me examinar e ver em que grau estava. De 7 para 8 dedos, nessa hora a bolsa se rompeu, fui para o chuveiro e em questão de segundos a dor de cólica que eu sentia foi transformada numa força até então desconhecida, os gritos de Aiii foram substituídos por um urro e vontade enorme de fazer força, nessa hora a dra Fernanda pediu para eu agachar e ela disse que ele estava vindo, mas não podia nascer ali, teria que voltar pro centro cirúrgico, dessa vez já não senti medo. No caminho ouvia a equipe perguntando se o ar estava desligado, luzes baixas, tudo preparado para a chegada do Guilherme ser mais confortável possível. Fomos pra banqueta e a vontade de fazer força só aumentava, mas eu não conseguia puxar o ar necessário para completar a força, no meio eu soltava, o Gerbes o tempo todo me lembrando a respirar corretamente, a doula me apoiando.

A Dra pediu para eu ficar em 4 apoios, a doula de amparando, mudei para a baqueta novamente, o Gerbes nas minhas costas, respirando junto comigo, lembro que já não aguentava mais puxar o ar, nessa hora a Dra perguntou se eu queria colocar a mão, quando senti a cabeça dele recebi uma força para continuar, mais um puxo completo, entrei no círculo de fogo, tem esse nome porque realmente queima, mas que sensação boa, de que está chegando cada vez mais perto a hora de abraçar meu pequeno. Mais um puxo, nessa hora ouvi pequenos estalos, seria meu corpo se abrindo? A Dra perguntou pro Gerbes se ele queria ver nascer, ele trocou de lugar com a doula, próximo puxo, sai a cabeça e ouvimos um chorinho, a Dra somente ampara com as mãos, Deus é perfeito, o bebê sabe nascer, ele gira, sai o tronco, nasceu meu pequeno às 18:37, num ambiente cheio de amor e respeito.

Veio direto pro meu colo, aquele ser tão frágil e ao mesmo tempo tão forte, capaz de fazer nascer uma nova pessoa junto com ele. Esperamos o cordão parar de pulsar, o pai fez o corte. Ficamos no pele a pele pelas próximas 2 horas, quando só ai foi examinado e subimos juntos para o quarto.

Foram quase 24 horas desde a primeira cólica até o nascimento e em todo o tempo senti paz, senti Deus comigo e que Ele enviou as pessoas certas para estarem conosco nesse momento tão transformador. 

Agradeço a Deus primeiramente pela dádiva alcançada, agradeço ao Gerbes pelo apoio, por estar comigo em todo momento, agradeço a minha mãe que ficou com meu bebê para eu receber o outro. Agradeço ao Giovanni, que apesar de não entender nada, ficou tranquilo enquanto a mamãe sentia dores. Agradeço a equipe do Coletivo que faz esse trabalho incrível agradeço a Ana Cris, depois dessa experiência e ver a organização, primor no atendimento e ela maestrando tudo isso, eu só tenho é que agradecer e elogiar por ser essa pessoa que faz a diferença, luta por nós mulheres e luta pelos nossos direitos.

Sabe aquele propósito, que há em tudo que acontece em nossas vidas? Hoje eu sei que eu tinha que passar pelas duas experiências a cesárea e o parto natural, hoje entendo a necessidade dos dois e entendo também que não importa o que você queira, tem que estar com as pessoas certas. Na primeira vez estávamos no delivery, conforto, banheira e sem apoio, dessa vez ficamos a maior parte do tempo em casa e com todo o apoio necessário e isso faz toda a diferença. 

Se você tem vontade, desejo de ter um parto natural, esteja com a equipe certa pra isso, se você quer ter seu filho através de uma cesárea, esteja com a equipe certa pra isso, e espere a vontade do bebê para nascer, da mesma forma que temos que respeitar os direitos da mãe, por que não respeitar também o nascimento de mais um ser, num ambiente acolhedor, sem luz forte no rosto dele, uma temperatura agradável e ir direto para o lugar dele, o colo da mãe. 

 

Deus é bom o tempo todo, o tempo todo Deus é bom. 🙏

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