A deputada Janaína Paschoal (PSL-SP), colocou para votação um projeto de lei (no 435) que assegura o direito da mulher optar pela cesárea a partir da 39a gestação, mesmo sem indicação clínica.
A narrativa usada pela deputada leva a crer que a lei vai proporcionar maior autonomia às mulheres, principalmente pobres e negras. Ela explica na PL que mulheres são obrigadas a parir de forma natural pelo SUS e isso se enquadra como violência obstétrica (VO). Para mim, mentir para operar uma mulher é VO, é lesão corporal grave, onde foi usado um artifício falso para convencê-la a aceitar a intervenção que beneficia o médico. Isso é violência. E, dificilmente, a deputada nomearia isso como VO. Só depois de terem estudado muito e perceberem e então, retrospectivamente, irão chamar de VO. Desinformação é VO!!
Estou bem curiosa para saber o que a deputada Janaina Paschoal vai fazer quando começar a morrer mulher de cesárea a pedido no SUS, como peças de dominó.
Ou quando não tiver mais sala disponível para operar mulheres que de fato precisam, porque estarão ocupadas com as eletivas a pedido.
Queria saber se ela vai lá nos hospitais operar a mulherada quando faltar obstetra, anestesista, banco de sangue e UTI disponível, porque estará tudo sobrecarregado com cesárea a pedido.
Estou interessada em saber o que será feito quando não houver leito de UTI adulto para as mulheres que tiverem hemorragias ou infecções pós-cirúrgica e de UTI neonatal para as prematuridades tardias iatrogênicas.
Também gostaria de saber quem vai cuidar das casas nas periferias dessa cidade quando aquela mulher com 4 filhos chegar em casa operada eletivamente sem conseguir andar, cozinhar e cuidar das crianças tudo isso sozinha.
Essas soluções já estão previstas no projeto de lei?
Quem conhece o Coletivo Nascer de perto, sabe que colocamos as mulheres gestantes no centro de todas as decisões em relação ao parto, nos cuidados durante a gestação, no puerpério… Aqui, nunca é sobre os profissionais, é sobre informar as mulheres para que elas tenham condições de tomar as decisões que julgarem mais corretas.
Foto: Bia Takata