Cada gravidez é única. Cada filho é único. São eles quem resolvem tudo… Na gravidez da minha primogênita, sentia-me super bem disposta, sem dores, sem inchaço, acreditando que chegaria nas 40 semanas, desejando um parto normal. No entanto, com 37+6 estourou minha bolsa e, após 12h aguardando (de um jeito nada propício, é fato), foi realizada cesárea para o nascimento da minha Laura. Não senti dores, não teve contração ou dilatação. Nada de trabalho de parto (como muito bem disse a minha mãe, eu tive uma filha sem saber a dor do parto).
Durante a nova gravidez, estava decidida a escrever uma outra história. Sabia que com aquela GO eu não teria meu desejado parto normal, tentei algumas médicas por indicação e demorei para chegar no Coletivo Nascer – o que ocorreu por volta da 30a semana. Pré Natal coletivo jamais passou pela minha cabeça durante a primeira gestação, com certeza preferia minha zona de conforto com a médica que me acompanhava há anos. Mas dessa vez estava disposta a, pelo menos, conhecer – e deu muito certo com as experiências partilhadas.
Com o passar das semanas, tinha certeza que não iria muito longe, afinal, o cansaço e as dores lombares não permitiriam. Os dias foram passando e para a minha surpresa, alcancei as 40 semanas. A ansiedade foi aumentando, mas não havia até então nenhum sinal de trabalho de parto. Com 40 +5 tinha consulta, ultrassom e acupuntura agendados. Tudo indicava que o bebê estava bem e ainda podíamos esperar mais. Naquela noite aconteceu a perda do tampão, mas procurei não me animar muito já que isso poderia acontecer dias e semanas antes do parto. Durante a madrugada, senti cólicas e algumas contrações- desta vez um pouco mais fortes do que as que estavam acontecendo esporadicamente.
Por volta das 18h, as contrações pareceram ganhar ritmo e aconteciam em intervalos aproximados de 6 min. Neste momento, Thais, minha doula, veio para a minha casa, mas elas espaçaram novamente e a recomendação era que eu me alimentasse e dormisse – o que foi impossível. Durante a madrugada, as contrações vinham cada vez com mais força, com algum alívio no chuveiro. No entanto, ainda não estavam em intervalos regulares, o que me deixava decepcionada.
Por volta do meio dia, as contrações estavam bastante intensas e pedi para Ana Cris que me avaliassem para de repente realizarmos um descolamento de membranas.
O percurso até o Coletivo foi longo devido às intensas contrações e à minha tensão com a percepção das contratações a cada 4 min. Cheguei no coletivo por volta das 14h15, fui avaliada pela obstetra que disse: “podem ir para a maternidade”. Que alívio! E que frio na barriga!
Saímos do Coletivo com um anjo chamado Jessica no carro. Durante o trajeto, só tentava controlar minha respiração e estava concentrada nas minhas contrações – mais tranquila com a presença da Jessica conosco.
Chegamos por volta das 15h no São Luiz. No caminho para a sala do pré parto, enquanto estava acompanhada apenas da enfermeira do hospital- todos estavam se trocando, comecei a chorar ao me lembrar da última vez em que estive ali – para realização de uma aspiração após aborto de uma gestação gemelar, quase um ano atrás. Sozinha, tentei ser racional e me concentrar para uma outra história, de nascimento e de vida.
Com meu marido, Lucas, e equipe, recebi massagem e fiquei no chuveiro durante as contrações, enquanto aguardávamos a liberação da sala de parto. Não sai do chuveiro, diante das seguidas contrações. Com o aumento da vontade de fazer força, Jessica nos avaliou e percebeu que o Pedro estava chegando – no momento antecedente a ida ao centro cirúrgico (não havia delivery disponível), senti a cabeça do meu bebê na ponta dos meus dedos com um misto de medo, ansiedade e muito amor. Era hora de nos conhecermos!
Na banqueta, apoiada no meu marido, vieram algumas contrações e muitos gritos. Tive dúvidas, achei que não conseguiria, que teria que chamar o anestesista e me abrir, mas fui incansavelmente incentivada pela equipe. Até que finalmente senti o ardor de quando coroou e na contração seguinte, o momento mais esperado aconteceu. Com exatas 41 semanas, Pedro nasceu e veio direto para os meus braços. Como foi maravilhoso e indescritível esse momento!
O desejado parto normal aconteceu. Muito mais do que isso, aconteceu da forma mais linda que poderia existir. Luz baixa, música ambiente, ar condicionado em temperatura agradável, não havia conversa, apenas o respeito aquele momento, aquela mulher, aquela família. Um parto natural e, sobretudo, HUMANIZADO.
O parto, independente da via de nascimento, vai acontecer se houver uma equipe competente e, acima de tudo, que respeite a mulher e sua potência, que nos faça sempre ser a protagonista e empoeirada.
Obrigada Lucas por sempre embarcar comigo, me respeitando, me apoiando e me dando forças – meu parceiro de vida sempre!
Obrigada Ana Cris por me ajudar com as minhas angústias de outro mundo (RS), obrigada Mayara pela atenção e profissionalismo, me permitindo ser a protagonista, obrigada Thais que cuidou do meu Pedro com delicadeza e respeito nos seus primeiros minutos de vida.
Obrigada à Thais, minha Doula, que cuidou de mim, me manteve hidratada e fez com que eu acreditasse em mim.
E um obrigada especial à Jessica, pelos incentivos, pela calma, pela paciência, pela doçura, pela empatia, pelo respeito.
Obrigada, Coletivo Nascer, pela experiência humanizada que tivemos!