Parto Humanizado Hospitalar
Relato de Parto da Ariana Guimarães

Relato de Parto da Ariana Guimarães

Hoje, no momento em que estou escrevendo, o pequeno Enrique completa 1 mês de vida, um mês que passei pela terceira melhor experiência da minha vida, o de ter um filho. Não tem como fazer um relato sobre esse parto sem mencionar os anteriores: – O parto do Isaque que foi em uma casa de parto, me ensinou e mostrou o quanto a natureza é perfeita, como nosso corpo trabalha perfeitamente e me mostrou o quanto eu era forte. – O parto da Lorena por sua vez, que foi no hospital com a médica plantonista ( seria em outra casa de parto, mas tive que partir para o plano B por conta do líquido aumentado), me mostrou que mesmo sendo difícil partir para o inesperado, que não foi fácil, tudo no final pode dar certo e que pensar positivo faz toda a diferença. Agora vamos falar sobre o parto do Enrique, bom, a gravidez não era esperada, mas desde que descobri ( apesar de entrar em estado de choque KKK) eu sempre procurei agradecer a Deus por aquela vidinha. Tive muito enjoo, com 6 meses descobri a diabetes gestacional, a gestação tinha suas dificuldades como todas tem, eu caí com 34 semanas ( mas graças a Deus não aconteceu nada além de arranhões), eu me sentia linda e feliz, procurei curtir cada momento, cada mexida dele, foi muito lindo ver também o vínculo sendo criado dele com seus irmãos mais velhos quando ele ainda estava na minha barriga. Mas antes de tudo, tinha a preocupação sobre o parto, não queria reviver o que eu vivi no parto a Lorena, não queria sentir andando nem desamparo. Queria ter uma segurança de que tudo seria como teria de ser, queria ter meu parto o mais humanizado possível, mas sabendo que fosse necessário uma cesárea, que seria feito também, queria me sentir acolhida. Foi aí que começou minha busca, porque eu precisava usar o convênio, não dava pra bancar tudo, conversando com a Thami sobre isso ela me indicou conhecer o Coletivo Nascer, fui com muito receio, não queria nada que me lembrasse a casa de parto. Quando cheguei na consulta e comecei a explicar meu caso no parto anterior, senti empatia da médica e da obstetriz, me senti acolhida e recebi um sincero abraço das duas, foi ali que decidi ser acompanhada pela equipe. E foi a minha melhor decisão. E enfim, chegou o grande dia, confesso que já imaginava que ele ia adiantar, até brinquei que seria depois do dia 15 ( coincidência ou não). Mas queria que ele ficasse mais um pouquinho ali. No dia 15/02/2019 eu resolvi ir comprar as lembrancinhas que íamos entregar para as crianças quando ele nascesse, tinha umas coisas de trabalho também para comprar e retirar no Brás, então fomos na 25 e no Braz bem cedinho, o Isaque estava na escola e ia para a casa de um amigo, a Lorena tinha dormido com a avó materna, então estávamos só eu e o maridão resolvendo algumas coisas. Quando cheguei no Brás, resolvi almoçar porque estava um pouco fraca e achei que era fome, almoçamos, algumas pessoas do restaurante perguntavam pra quando era o bebê e eu dizia que era pra agora, que qualquer hora era a hora ( só pra ver a cara de espanto das pessoas kkkk) mas ainda estava com 37 semanas e a gestação ainda poderia ir até o outro mês no 03/03, então estava tranquila, até que pá…

Um líquido saiu, não era muito, mas o suficiente pra eu saber que não era xixi. Fui procurar um banheiro, como foi difícil de encontrar um nesse dia, até que encontrei e fui averiguar, não era xixi mas eu pensei que fosse o famoso tampão. Mandei mensagem pra minha doula Thamires e falei o que estava acontecendo, ela achou melhor eu ir pra casa para observar. Então deixei quase tudo o que eu fui fazer ali e fui pra casa, contrariada mas fui rs. Chegando em casa tomei um belo e demorado banho, mas não sentia nada além de uma cólica na costa. Mas lembrando dos outros partos eu esperava a dor insuportável e nada dela. Deitei um pouco e o Dri ( meu esposo)foi buscar minha mãe no supermercado e depois o Isaque na casa do amigo, mas isso demorou uma hora até ele chegar em casa, enquanto isso eu fui arrumar minha mala que n estava pronta ( essa mala era uma novela rs) quando ele chegou eu fui no banheiro novamente e ouvi barulhinho de água como se a torneira estivesse meio aberta, conferi se era a da pia do banheiro e nada, até que me toquei que era eu, tentei segurar pra ver se era xixi e vi que era um líquido clarinho, corri contei para a doula, ela me pediu pra tentar fazer uma forcinha e ver se saia algo, eu me neguei kkkk vi que era horário de pico e queria que se fosse o trabalho de parto, que o menininho aqui esperasse p eu sair de casa às 9 da noite ( pura ilusão). Como era meu terceiro bebê e o hospital era um pouco longe e meu último trabalho de parto durou apenas 3 horas, a equipe sugeriu que eu saísse de casa em qualquer sinal de trabalho de parto, então quando cheguei no portão de casa começou a sair muito líquido, coloquei uma toalha pra poder entrar no carro e fui dar um beijo nas crianças que iam ficar na casa da minha mãe, tomei café porque sabia que não conseguiria comer depois e fui p hospital. Nesse período eu falava com a doula e com a Sílvia da equipe do Coletivo Nascer, e estava um trânsito que eu fiquei com medo de não dar tempo de chegar no hospital. Eu estava com contrações bem distantes uma da outra, dava pra conversar de boa, mas conforme o líquido foi saindo elas ficaram um pouco mais que as de treinamento. Eu nunca na minha vida achei um caminho tão longo, parecia que tudo do ia piorando, muito trânsito. E o carro essa hora já estava todo molhado. Chegamos na porta do hospital às 19 horas e pouco e eu fui recebida pela doula a equipe e uma maca, me senti uma celebridade kkkk. Nessa hora quando sai do carro vi que estava toda molhada, as toalhas encharcadas e o carro também. Entramos no hospital e nessa hora foi feito o único exame de toque que era pra eu poder internar, foi um pouco desconfortável mas passou, a doutora Renata me perguntava como estava as contrações e eu dizia que tranquilas ( e realmente estavam). Esperei um pouco pq o hospital nesse dia estava lotado, muita gestante em trabalho de parto. Quanto subi para a sala de pré-parto, coloquei um top do hospital, porque esqueci o meu no carro, fui para a bola e chuveiro. Eu já sabia como era e o que fazer pelas outras experiências, então ficava me movimentando na bola, ouvindo a playlist que Thamires conseguiu pra mim, e nada de contrações exageradas ( na minha cabeça) eu falava para o Dri, vixi isso aqui vai demorar, as contrações estação muito espaçadas acho que ele só nasce de madrugada. Perguntei quanto estava de dilatação e me surpreendi com a resposta, 3 dedos e eu nem estava com tanta dor assim. Conversava, lembrava dos meus filhos, rimos algumas vezes, a Sílvia e trouxe no quarto, ouviu o coração do Enrique, estava tudo bem. Percebi as contrações mais próximas, mas estava tão ciente que ia doer mais, até que a Sílvia veio me chamar para ir ao delivery, uau eu disse, que maravilha já vou conseguir ir ( pra mim era cedo pra ir para lá. Me lembro de que entre uma contração e outra, eu a Thami e o Dri saímos correndo para dar tempo de eu n ter que parar no meio do corredor até a contratação parar.

Quando cheguei naquele ambiente, que a equipe e a Thami estavam deixando ainda mais aconchegante para nós, com cheiro de essência, meia luz, que delícia que estava. Eu senti vontade de fazer cocô e avisei, a doutora Renata logo veio se certificar e perguntou se era vontade de fazer cocô ou se eu estava sentindo vontade de fazer força? Eu ri, pra mim era cedo pra fazer força, e fui tentar usar o banheiro, eu não achava posição para sentar me desesperei rs, como assim o assento do caso não era fofinho e confortável? Mas na verdade era o bebê descendo então eu não ia mesmo conseguir sentar. Então sai e fiquei abraçando o Dri enquanto as contrações vinham e iam. A banheira terminou de encher e eu entrei, achei que estava quente, si a Thami com todo carinho me disse, Ari essa temperatura está ótima para o Enrique nascer. Na hora me veio a lembrança de que esse sempre foi um sonho que tive, do bebê nascer na água, e das outras vezes não foi possível, e por isso eu nem tinha imaginado e idealizado que dessa vez eu ia poder ter meu bebê na água. Mas a Thami sabia que esse era um sonho antigo e me ajudou muito nessa hora, pq eu não tinha dito nada a equipe sobre o parto na água. Entrei e logo vieram os puxos. Nessa hora eu perguntei como eu estava indo, quando ouvi que já estava no expulsivo um misto de alegria e medo me tomaram, eu senti medo de não conseguir, medo da dor, falei em algum momento que a dor dói kkkk. Senti meu menino vindo ao mundo do jeito que eu sempre sonhei, de um jeito respeitoso, sem intervenções, com muito amor, uma contração e saiu a cabecinha, outra e o corpinho terminou de sair, nasceu nadando meu menino do signo de Aquário, nasceu amparado pelo pai dele. Com 3,040 kg e 48 cm. A emoção de pegá-lo pela primeira vez e sentir o cheirinho dele é indescritível. O Dri fala com muita emoção sobre assistir e poder ser o primeiro a pegar o Enrique. Foi um momento dele também, estava renascendo como pai, e pode participar também. O parto que eu achei que ia durar uma eternidade, durou 2 horas depois que entrei no hospital. Foi lindo, eu me emocionei muito nos outros partos, mas esse foi um ciclo que se encerrava, eu chorei, chorei de emoção, chorei de felicidade por ter conseguido tudo daquele jeito tão especial, chorei porque tinha acabado, por ver meu filho tão forte, por termos sido tão fortes, chorei porque enfim superei meus medos e dificuldade do parto anterior, chorei de felicidade por estar com uma equipe nota mil, que respeitou meu sonho, minhas decisões, que me acolheu, deu todo o apoio necessário, que cuidou de mim durante a diabetes gestacional ( isso fez toda a diferença). Ele nasceu super bem, mas precisou de oxigênio que durou segundos pois logo ele percebeu que nasceu e chorou bem forte. Agradeço a Deus por cada pessoa que entrou no nosso caminho, pela Doula que nos acompanhou pela terceira vez ( agora chega né Thami kkk) e se tornou parte da família, pela equipe do Coletivo Nascer que foram espetacular em todo o momento, a Ana Cristina por tantas mensagens tranquilizando e ajudando, pelo grupo de gestantes que foi maravilhoso e não consegui desapegar rs, só agradeço em todo o momento. E assim se encerra esse ciclo da nossa vida, eu renasci mais uma vez como mãe, agora somos 5 pessoas na nossa pequena grande família. E pra marcar esse momento nada melhor que essa foto, registrada pela Thami que além de doula e amiga, também foi fotografada.

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