Já quero parir de novo
Viver este momento mudou minha vida
Enxergo hoje em mim uma força que não sabia que tinha
Toda mulher merece viver esta experiência
Não deixem o medo e a dor tirar isto de vocês
O puerpério está chegando ao fim e depois de uma confusão de sentimentos, consegui alinhar os pensamentos e escrever sobre a experiência mais intensa que eu vivi até hoje!! Minha gestação foi super tranquila, mas com 36 semanas comecei com picos de pressão alta. No dia 04-10, com 38 semanas, a Ana Cris (obstetriz) conversou comigo sobre induzir o parto. Confiava demais na minha equipe e fiquei super tranquila.
O processo de indução
A Ana Cris fez descolamento de membrana para ajudar preparar o colo do útero. Como eu internaria somente no dia seguinte, fiz unha, lavei cabelo, me depilei e arrumei as malas. Eu e o Gui achávamos que o processo ia demorar dias, então compramos 2 jogos de tabuleiro para jogar no hospital, rs!! No dia seguinte internei no São Luiz. Às 17h, a dra Olívia (Obstetra) veio me ver e colocou um balão e um comprimido de misoprostrol no colo do útero para ajudar na dilatação e na preparação do colo. A Paula (obstetriz) veio me ver a noite e o balão saiu e ela colocou mais um comprimido. Fomos dormir tranquilos, mas às 2h, acordei com cólica.
Início das contrações
A cólica apertou às 3h e daí acordei o Gui: “Eita acho que a cólica virou contração amor, tá doendo bastante agora! Poxa, ainda nem jogamos os jogos!” Rs. Ligamos pra Rina (Doula) que me pediu pra ir pro chuveiro, o que aliviou muito. A contração vinha e doía horrores, eu gemia, me retorcia, ninguém podia me tocar, não queria massagem, não queria bola, banheira, nada. Eu tinha que ficar em pé, no chuveiro e de mãos dadas com a Rina ou Gui! Nos intervalos das contrações eu conversava, comia e falava que eu amava o chuveiro! Rs. Olhava pro Gui e pensava: “Que bom que ele está aqui me apoiando!” Com um simples olhar dele eu ficava mais tranquila. Olhava pra Rina e me sentia segura! Obrigada pela paciência e cuidado Rina!
Teve troca de plantão da equipe às 8h e chegou a Jéssica (Obstetriz), a Isa (Doula) e a Dra. Patrícia (Obstetra). Como as contrações não estavam efetivas, a Jéssica disse que seria necessário injeção de ocitocina. Eu pensei: tô ferrada! Agora sim, vai doer! A Jéssica foi um anjo, ela entrava no banheiro para auscultar o bebê, respeitando meu melhor momento. A Dra Patrícia fez cardiotoco em mim em pé, porque eu sentia muita dor deitada (no hospital geralmente obrigam você deitar). Obrigada Jéssica e dra Patrícia, vocês foram essenciais pra mim, em cada conduta, palavra e olhar.
O negócio ficou sério
As contrações foram aumentando, aumENTANDO, AUMENTANDO! Era eu e a Isa no banheiro, completamente no escuro. Quando vinha a contração, eu ficava calada (se gritasse doía mais), ficava embaixo do chuveiro em pé e segurava a mão da Isa. Nos intervalos sentava numa cadeira e deixava a água cair e dormia profundamente. Foram muitas horas assim! Às vezes eu me desesperava, pedia analgesia e a Isa me lembrava porque eu estava ali, que eu era forte, que eu estava conseguindo e que minha filha estava vindo. Eu repetia um mantra toda contração: “Desce filha, desce!!” Eu respirava bem fundo, fazendo um movimento de cima para baixo, como se eu estivesse tirando a dor de mim. Eu imaginava a Ana passando pela minha pelve e cada vez que a Jéssica vinha auscultar, ela estava mais baixa e eu pensava: “Tá funcionando!!!”. Me disseram depois que eu dancei também, mas isto eu não lembro, rs!! A Bia (fotógrafa) chegou e entrou no banheiro e eu mandei ela embora, rs, mas ela não me ouviu e ficou lá de uma forma invisível, pois só lembro de ter visto ela no final sorrindo pra mim e me dando força! Obrigada Bia por ter sido incrível!! Lembro de todo este momento com muita emoção, me senti realmente conectada com minha filha! Uma pausa para agradecer a doula incrível que estava comigo. Isa, sem você eu não teria conseguido. Obrigada por cada olhar, abraço, palavra! Obrigada por me aguentar te apertando e molhando toda.
O nascimento
De repente as contrações mudaram e comecei sentir vontade de fazer força!” Cada contração eu gritava, como um animal e fazia muita muita força. Tentei sentar na banqueta, deitar, ficar de quatro, de lado, mas só conseguia ficar em pé. Neste momento eu estava consciente e me desesperei, achando que a Ana ficaria presa e não sairia. Eu olhava para dra Patrícia e pra Jéssica e pedia ajuda e pra elas tirarem a Ana. Elas sorriam pra mim e falavam que estava tudo bem e que eu estava fazendo tudo certo. Foi uma cena linda, eu estava escorada na maca e do lado oposto a Isa ficou segurando minha mão. Em volta de mim, sentados no chão, estavam o Gui, a dra Patrícia (Obstetra), a Jéssica (Obstetriz) e a Bia (Fotógrafa). Que momento maluco! Teve uma hora que senti o cabelinho da Ana e tive mais força. Você sente literalmente uma cabecinha passando e a força que fazemos é natural, não dá pra segurar! É mágico, forte demais. Então, a Jéssica virou pra mim e disse: “Faz força Carla, sua filha vai nascer!” Eu fiz a maior força e mais longa que eu conseguia e a Ana nasceu, como um espirro, junto com a bolsa. Eu sentei na banqueta, chorando e o Gui entregou a Ana nos meus braços. Que momento! Ai meu Deus, que momento especial! Toda dor foi embora naquele segundo!
Hora dourada
Deitei na maca e fiquei com minha filha no colo e o Gui ao meu lado, amamentei e tagarelei sem parar de tanta alegria. Nós dois juntos com a Ana, neste momento de mais pura felicidade. Alguns minutos depois pari a placenta, super rápido e quando chegou a hora o Gui cortou o cordão. No final,a dra Jaque examinou a Ana e deixou ela voltar pro meu colinho e fomos pro quarto! Obrigada dra por cuidar tão bem da minha filha nas primeiras horas de vida dela!!!
Equipe do coletivo nascer (Ana Cris, Paula, Jéssica, Dra. Olivia, Dra. Patrícia e Dra. Jaque), Coletiva de doulas (Rina e Isa) e Bia, não sei como agradecer o que fizeram por mim. Gui, você foi o melhor parceiro que eu poderia ter para viver este momento! Vocês me proporcionaram o momento mais incrível da minha vida!
OBS: Os jogos voltaram fechados pra casa.